II RELFET/FLUP

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Veja a programação completa pelo site do evento: https://www.flup.net.br/flup-2024


O Programa de Pós-graduação em História da PUC Goiás, comprometido com a formação integral e a disseminação do conhecimento científico, tem ampliado os canais de divulgação dos estudos históricos, fomentando parcerias interdisciplinares e pesquisas em rede. O II Simpósio Internacional da Rede Latino-Americana e Caribenha sobre Feminismos de Terreiros (RELFET), em parceria com a Festa Literária das Periferias (FLUP) e a UFRJ, visa reunir pesquisadoras de distintas etapas de formação.

Essa colaboração, que envolve pesquisadoras de diversas instituições, tem como objetivo evidenciar a participação histórica de mulheres afrodiaspóricas na construção do Brasil, contribuindo para resgatar sua contribuição nas áreas social, econômica e política, em consonância com dispositivos jurídicos e diretrizes educacionais. O evento presta homenagem à historiadora Beatriz Nascimento, cuja obra foi fundamental para repensar a noção de "quilombo" e suas conexões entre Brasil, Caribe e África.

Assim, assumimos no evento a necessidade de que "precisamos falar de nós mesmos", por meio da publicização da trajetória de 100 mulheres negras biografadas pela RELFET no DICIONÁRIO BIOGRÁFICO: HISTÓRIAS ENTRELAÇADAS DAS MULHERES AFRODIASPÓRICAS (vol. 1), mulheres que resistiram, lutaram por liberdade, trabalharam, lideraram e cuidaram de suas proles e comunidades espiritualmente, politicamente, culturalmente, maternalmente e se projetaram como atrizes, cantoras, atletas, escritoras, poetisas, professoras, jornalistas, médicas, enfermeiras, curandeiras, benzedeiras, parteiras, domésticas, charuteiras, artesãs e se aquilombaram. Entre as autoras temos pesquisadoras em distintos níveis de formação, desde a graduação, com pesquisas de iniciação científica e conclusão de curso, até pós-graduação, com pesquisas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, além de pesquisadoras já consolidadas.

Entre as atividades previstas, destaca-se o debate sobre o documentário "Ori" (1989) de Beatriz Nascimento e Raquel Gerber, sobre a história afro-brasileira contada a partir de uma perspectiva negra, tendo o quilombo como fundamento.

O evento, destinado a um público diversificado, incluindo servidores públicos, gestores educacionais, estudantes, docentes, escritores, produtores culturais, intelectuais, acadêmicos e o público em geral, também abordará as trocas atlânticas de Beatriz Nascimento e seu diálogo com a memória das irmãs martinicanas Jeanne e Paulette Nardal, as primeiras mulheres negras a frequentarem a Sorbonne na década de 1920. A curadoria desse debate será realizada pela jornalista martinicana Audrey Pulvar.


Homenagens à Beatriz Nascimento

Quilombo Acadêmico

A ideia de um quilombo acadêmico emerge da confluência entre a luta histórica das populações negras por liberdade e o engajamento intelectual contemporâneo. Inspirada pela historiadora Beatriz Nascimento, a noção de quilombo é expandida para além de um espaço físico, passando a simbolizar uma forma de resistência cultural, social e epistemológica. Beatriz propôs o quilombo como um símbolo de autonomia coletiva e um espaço de criação e sustentação de novas formas de existência e saberes para as populações negras. No ambiente acadêmico, essa ideia se traduz em um espaço de produção de conhecimento crítico, onde a centralidade da cultura e da experiência negra são o ponto de partida.

Um quilombo acadêmico pode ser entendido como um espaço de articulação intelectual que promove a autonomia epistêmica das pessoas negras e racializadas. Ele se estrutura a partir de redes colaborativas entre pesquisadores(as), ativistas, e comunidades tradicionais, e busca fortalecer a produção de conhecimento sobre temas que impactam diretamente essas populações. Funciona como uma rede de apoio, onde a troca de saberes intergeracionais e a resistência ao epistemicídio são centrais. Assim, o quilombo acadêmico é um espaço de resistência, refúgio e reconfiguração, onde as tradições africanas e afro-diaspóricas são vivificadas e reinterpretadas.

A estrutura de um quilombo acadêmico é baseada em princípios de horizontalidade e reciprocidade, muito alinhados com as noções ancestrais africanas de coletividade e troca. Em vez de reproduzir hierarquias tradicionais de poder e conhecimento típicas do ambiente acadêmico ocidental, esses espaços procuram democratizar o acesso ao saber e permitir que vozes frequentemente silenciadas se manifestem plenamente. As discussões emergem da interseção entre raça, gênero, classe, espiritualidade e território, ressignificando a produção acadêmica e aproximando-a das realidades vividas pelas comunidades negras.

Beatriz Nascimento é uma inspiração essencial para a criação e consolidação de quilombos acadêmicos. Em suas reflexões, ela destacou a importância de um passado vivido em comum, o qual poderia servir de alicerce para uma reconstrução contínua das identidades negras na contemporaneidade. Da mesma forma que os quilombos históricos ofereciam uma alternativa para a vida em liberdade frente ao sistema colonial, o quilombo acadêmico oferece uma alternativa frente à marginalização epistêmica sofrida pelas populações negras no mundo acadêmico.

Ao olharmos para a Rede Latino-Americana e Caribenha de Pesquisas sobre Feminismos de Terreiros (RELFET), notamos uma sinergia entre os princípios que regem os quilombos acadêmicos e o trabalho realizado pela rede. RELFET foi concebida a partir da interseccionalidade entre raça, gênero e classe, em articulação com espiritualidades de matriz africana. Essa rede representa um verdadeiro quilombo acadêmico transatlântico, reunindo pesquisadores(as) e ativistas que trabalham com as vivências e lutas das mulheres negras e quilombolas.

O conceito de "transatlântica" em Beatriz Nascimento é central para sua reflexão sobre a identidade negra e as relações entre África e América. Ao afirmar que "a civilização africana e americana é um grande transatlântico", ela desafia a visão eurocêntrica da história, propondo uma perspectiva que considera a migração cultural e a transmigração de identidades entre os continentes. Essa ideia evoca a complexidade do deslocamento e as múltiplas trajetórias dos povos africanos escravizados, que, apesar de serem transportados para a América sob condições desumanas, conseguiram preservar e reinventar suas culturas e identidades. Nascimento destaca a importância do "movimento" — não apenas físico, mas também cultural e espiritual — na formação de uma identidade coletiva que une as experiências negras de diferentes contextos.

Ao se identificar como "atlântica", ela expressa uma conexão profunda e íntima com as narrativas de dor, luta e resistência de seus ancestrais, reconhecendo tanto o amor quanto o ódio que sente em relação à história da colonização. Essa abordagem não é apenas uma crítica às narrativas oficiais, mas uma valorização da dignidade negra e da humanidade que sempre foi negada aos corpos negros no Brasil.

A obra de Beatriz Nascimento, ao articular as noções de quilombo e luta pela dignidade, é um chamado à descolonização do pensamento e à construção de novas formas de valor que reconheçam a riqueza da diversidade cultural. Sua ênfase na "pessoa humana" e na busca por reconhecimento ressoa fortemente em debates contemporâneos sobre raça e identidade, reafirmando a necessidade de um espaço onde as vozes e experiências negras possam ser ouvidas e valorizadas.

A integração do conceito de quilombo ao nome da rede fortalece a ideia de que as pesquisas desenvolvidas dentro desse escopo não apenas documentam experiências, mas também contribuem ativamente para a manutenção e recriação de espaços de liberdade intelectual e social. Quilombos acadêmicos, assim como a RELFET, transcendem a academia tradicional, servindo como lugares de encontro entre os saberes acadêmicos e as experiências vividas nas comunidades.

  • Valores e Missão:

  • Resistência e Autonomia: A rede não se propõe apenas a resistir, mas a criar formas autônomas de pensamento e ação. O conceito de quilombo acadêmico destaca a ideia de que a academia pode ser também um espaço de insurgência, onde os saberes produzidos se conectam com as realidades das comunidades tradicionais.

  • Finalidade:

  • Fortalecimento das Vozes Subalternizadas: A rede se posiciona como um espaço de acolhimento, diálogo e amplificação de vozes subalternizadas, especialmente de mulheres quilombolas, negras, LGBTQIA+, de terreiros e acadêmicas.

  • Intercâmbio de Saberes: Um dos principais objetivos da rede seria o intercâmbio de saberes entre academia, comunidades tradicionais e movimentos sociais, garantindo que as epistemologias negras e feministas estejam no centro das discussões.

  • Articulação Internacional: Com a inclusão da ideia transatlântica, a rede amplia seu alcance para um diálogo afro-diaspórico, onde as histórias e lutas das mulheres negras na América Latina e no Caribe possam ser conectadas, evidenciando o caráter global dessas resistências.

Essa rede, portanto, se apresenta como um espaço integrador, onde o saber é construído de forma coletiva, partilhando e valorizando tanto os conhecimentos ancestrais quanto os acadêmicos, e sempre mantendo como centro a luta feminista e antirracista.

Aquilombando Saberes e Entrelaçando Vidas: Ancestralidades Afrodiaspóricas – Curso de Extensão: Quilombo Acadêmico

O curso de extensão "Aquilombando Saberes e Entrelaçando Vidas: Ancestralidades Afrodiaspóricas" emerge como uma iniciativa inovadora e de profunda relevância social e cultural, idealizada para homenagear a emblemática Beatriz Nascimento, uma das vozes mais significativas na luta pela valorização da história e cultura afro-brasileira. Este curso, que integra a programação da Festa Literária das Periferias (FLUP) 2024, visa fomentar a criação de novos quilombos acadêmicos, espaços de resistência e produção de conhecimento que reúnem saberes e experiências diversas da diáspora africana.

Estrutura e Objetivos do Curso

O curso será realizado em formato híbrido, combinando atividades remotas com encontros presenciais, e terá duração variada, com carga horária de 40, 60 ou 80 horas. Com início previsto para 11 de novembro de 2024 e término em 31 de março de 2025, as atividades presenciais ocorrerão durante a FLUP, proporcionando um ambiente de aprendizado dinâmico e colaborativo.

O principal objetivo do curso é promover a visibilidade das trajetórias de mulheres negras no Brasil, desde a colonização até os dias atuais, por meio da criação de verbetes biográficos que serão compilados em um volume especial do Dicionário Biográfico: Histórias Entrelaçadas de Mulheres Afrodiaspóricas no Rio de Janeiro. Os cursistas, em coautoria, terão a oportunidade de destacar as contribuições políticas, culturais, sociais e religiosas de suas biografadas, garantindo que ao menos uma mulher negra esteja entre as autoras de cada verbete.

Além da elaboração de verbetes, o curso irá capacitar os participantes na produção de diferentes tipos de mídias, como podcasts e materiais audiovisuais, ampliando o alcance e a disseminação das histórias de mulheres afrodiaspóricas. Este enfoque multidimensional permitirá que os alunos não apenas aprendam sobre a história, mas também contribuam ativamente para sua preservação e valorização.

O curso conta com a colaboração de diversas instituições e organizações, que desempenham papéis essenciais em sua execução:

  • RELFET (Rede Latino-Americana e Caribenha de Pesquisas sobre Feminismos de Terreiros): Apoio na organização do curso e nas atividades relacionadas ao Dicionário Biográfico, além de formação na produção dos verbetes.

  • FLUP: Oferecerá o espaço físico para as atividades presenciais e cuidará da divulgação do curso durante o evento, bem como da diagramação, edição e publicação do Dicionário.

  • UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro): Garantirá supervisão acadêmica, apoio logístico e avaliação dos produtos desenvolvidos pelos cursistas, além de oferecer formação e produção de conteúdo audiovisual.

  • Instituições de Ensino Básico e Médio: Envolverão professores e estudantes, promovendo a troca de saberes e práticas educacionais.

  • Organizações da Sociedade Civil: Fomentarão parcerias que alcancem comunidades locais e sensibilizem sobre a história e cultura afrodiaspórica.

Ao homenagear Beatriz Nascimento, o curso se coloca em consonância com sua visão de que a história deve ser escrita por aqueles que a vivenciam. A proposta de aquilombar saberes e entrelaçar vidas é um convite à construção de um conhecimento que reconhece e valoriza as experiências de mulheres que, historicamente, foram silenciadas. Essa abordagem fortalece o legado de Nascimento e reitera a importância de uma educação que valoriza a diversidade cultural, alinhando-se às diretrizes das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008.

Dicionário Biográfico "Histórias Entrelaçadas de Mulheres Afrodiaspóricas" na Homenagem a Beatriz Nascimento

https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:Edit-a-thon/Atividades_em_portugu%C3%AAs/Editatona_do_Dicion%C3%A1rio_Biogr%C3%A1fico_Hist%C3%B3rias_Entrela%C3%A7adas_de_Mulheres_Afrodiasp%C3%B3ricas_na_FLUP 9

A celebração da vida e obra de Beatriz Nascimento, uma figura central na luta por direitos e visibilidade das mulheres afrodiaspóricas, encontra ressonância nas biografias compiladas no Dicionário Biográfico "Histórias Entrelaçadas de Mulheres Afrodiaspóricas". Organizado por Thais Alves Marinho e Rosinalda Correa da Silva Simoni, com o apoio da RELFET e da PUC Goiás, o dicionário se torna um instrumento poderoso para a valorização das trajetórias de mulheres que, assim como Beatriz, desafiaram normas sociais e lutaram por um futuro mais justo e igualitário.

Entre os dias 11 e 14 de novembro, durante a programação do Festival Literário das Periferias (FLUP), as autoras do dicionário terão a oportunidade de apresentar as biografias que elaboraram, cada uma com ênfase nas múltiplas facetas das mulheres que representam. Essa ocasião se torna ainda mais especial, uma vez que coincide com a recomendação de Beatriz de que "precisamos falar de nós mesmos". As mesas de debate, agendadas para o período vespertino, não apenas homenageiam a trajetória de Beatriz, mas também ecoam seu chamado à autoafirmação e à resistência, por isso, fazem parte da primeira parte do curso de extensão Aquilombando Saberes e Entrelaçando Vidas, que 20 horas de carga horária.

O dicionário não se limita a registrar histórias individuais; ele entrelaça as experiências dessas mulheres, destacando suas lutas por liberdade e justiça em diversos campos. Atrizes, cantoras, escritoras, professoras, curandeiras, entre outras, elas se projetaram em suas comunidades, demonstrando que o papel da mulher afrodiaspórica vai além das fronteiras impostas por uma sociedade racista e patriarcal. Através de suas biografias, as autoras do dicionário proporcionam uma educação histórica que respeita e valoriza a diversidade cultural, promovendo a cultura afro-brasileira e o empoderamento feminino.

Na estrutura das mesas, as mediadoras da RELFET interajam ativamente com o público e as palestrantes, criando um ambiente de diálogo e reflexão. As intervenções orais, de 5 a 10 minutos, terão o potencial de despertar interesse e identificação, além de convidar todos os participantes a reconhecer a riqueza e a complexidade das experiências das mulheres afrodiaspóricas.

Assim, o Dicionário Biográfico "Histórias Entrelaçadas de Mulheres Afrodiaspóricas" não apenas homenageia Beatriz Nascimento, mas também materializa suas ideias, permitindo que novas gerações conheçam e valorizem a luta e a resistência das mulheres que pavimentaram o caminho para a construção de uma sociedade mais justa. O evento na FLUP, promovido pela Editora Malê e FLUP, será uma oportunidade ímpar para refletirmos sobre o legado de Beatriz e a importância da visibilidade e valorização das histórias de mulheres afrodiaspóricas.

Edit-a-thon do Dicionário Biográfico "Histórias Entrelaçadas de Mulheres Afrodiaspóricas"

A atividade proposta durante o Festival Literário das Periferias (FLUP), em parceria com a Wikipédia, busca celebrar a vida e o legado de Beatriz Nascimento por meio da realização de uma edit-a-thon sobre o "Dicionário Biográfico Histórias Entrelaçadas de Mulheres Afrodiaspóricas". Este evento, programado para os dias 11 e 12 de novembro, das 9h às 11h30, reunirá ao menos 60 participantes, incluindo autoras e colaboradoras, para editar e expandir o conhecimento sobre mulheres negras que desempenharam papéis fundamentais na história e na cultura afro-brasileira.

A relevância dessa edit-a-thon reside não apenas na homenagem a Beatriz, mas também na missão de ampliar e massificar o conhecimento produzido por mulheres sobre outras mulheres negras. Ao reunir um grupo diverso de editores, a atividade promove a troca de saberes e experiências que são essenciais para a construção de uma narrativa mais inclusiva e representativa.

Um dos principais desafios enfrentados na documentação da história negra e da negritude é a sub-representação de pessoas negras na base de editores da Wikipédia. Essa lacuna resulta em uma perspectiva limitada sobre temas afrodescendentes, dificultando a inclusão de verbetes que abordem a rica e complexa história de indivíduos e eventos significativos. Além disso, os critérios de notabilidade frequentemente não refletem a importância de figuras históricas afro-brasileiras, pois muitas vezes as fontes que fundamentam esses critérios têm uma inclinação para valorizar narrativas brancas, marginalizando contribuições negras.

O viés presente nas fontes secundárias que alimentam a Wikipédia perpetua a invisibilidade de vozes e histórias negras. A dependência de publicações que favorecem uma visão dominante resulta em resistência à inclusão de histórias afrodescendentes. A edit-a-thon se propõe a quebrar esse ciclo, oferecendo um espaço para que as participantes, por meio de treinamentos em edição, possam contribuir ativamente na produção e na melhoria de verbetes sobre mulheres afrodiaspóricas.

Esses eventos de maratona de edição são fundamentais para promover a diversidade entre os editores e abordar o viés racial que ainda persiste na plataforma. A inclusão de participantes negros e o fortalecimento da representação feminina negra são essenciais para que a Wikipédia possa se tornar um espaço verdadeiramente inclusivo e equitativo. Além disso, a resistência a mudanças na estrutura de edição existente deve ser superada, por meio da implementação de políticas mais robustas que garantam uma representação justa.

A edit-a-thon, ao integrar o Dicionário Biográfico "Histórias Entrelaçadas de Mulheres Afrodiaspóricas", não apenas homenageia Beatriz Nascimento, mas também expande as vozes que celebram e documentam a riqueza da experiência afro-brasileira. Ao final do evento, espera-se que o conhecimento produzido durante essa atividade contribua para a construção de um acervo mais diversificado e representativo na Wikipédia, promovendo, assim, uma verdadeira educação histórica voltada para a diversidade cultural e a valorização das histórias de mulheres afrodiaspóricas.

Marcha Nacional das Mulheres Negras

As atividades propostas para a FLUP/2024, como o lançamento da segunda edição do Dicionário Biográfico: Histórias Entrelaçadas de Mulheres Afrodiaspóricas, em consonância com a II Marcha Nacional das Mulheres Negras, ressoam profundamente com a trajetória de Beatriz Nascimento e suas lutas. Beatriz Nascimento, como historiadora e ativista, reinterpretou o conceito de quilombo, expandindo-o além de um local geográfico de resistência, para uma dimensão simbólica, cultural e política. Ela enxergava o quilombo como um espaço de sobrevivência, liberdade e resistência contínua dos povos negros, especialmente das mulheres. Isso ecoa no movimento das mulheres negras brasileiras, que, desde a I Marcha em 2015, lutam pela visibilidade e afirmação de seus direitos, enfrentando racismo, feminicídio e outras formas de opressão patriarcal e racial.

A II Marcha, com a proposta de lançamento da obra que entrelaça as histórias de mulheres afrodiaspóricas, dá continuidade ao legado de Beatriz Nascimento, destacando as lutas e vivências de mulheres negras que, como ela, mantêm vivos os princípios de resistência, ancestralidade e liberdade. Ao mesmo tempo, a participação da Rede Latino-americana e Caribenha sobre Feminismos de Terreiros (RELFET) reforça a importância do conhecimento quilombola e das práticas de terreiro na luta por reparação e bem viver, ampliando as discussões sobre territorialidade e identidade negra.

Beatriz Nascimento também era uma defensora das lutas quilombolas e de sua importância como espaços de organização comunitária. Sua visão de que o corpo negro carrega o quilombo, mesmo diante da diáspora e opressão, é refletida no movimento das mulheres negras em marcha, que buscam a autodeterminação, a defesa dos territórios quilombolas e dos direitos de suas comunidades. O evento de 2024, além de promover um espaço para discussão e lançamento de obras, simboliza essa continuidade das lutas de Nascimento por resistência e a construção de um mundo onde o legado e as memórias afro-diaspóricas estejam entrelaçados com as estratégias políticas atuais.

O projeto de visibilização das mulheres negras também se alinha ao esforço de Beatriz em redefinir a narrativa histórica, trazendo a experiência de mulheres quilombolas, como aquelas que lutam por seus direitos e pela preservação de seus territórios, à linha de frente da agenda política nacional. Ao enfatizar a relevância dessas histórias na II Marcha, a proposta de lançamento da obra se insere em um movimento contínuo de resistência e reconstrução histórica, pautado pelo feminismo negro e pelo quilombo como símbolo de luta e organização. A organização desse evento contribui para dar continuidade ao que Beatriz Nascimento definiu como a "escrita da história a partir da ótica da população negra", enfatizando a centralidade da participação das mulheres negras na construção de futuros baseados no bem viver e na reparação histórica.

Cada atividade da programação proposta pra ocorrer no dia 15 de novembro serve como uma forma de homenagear Beatriz Nascimento ao destacar e continuar o legado de suas contribuições como historiadora, ativista e defensora das mulheres negras e quilombolas, além de valorizar a ancestralidade e as lutas pelos direitos das populações negras no Brasil.

  1. Ajeum das Yabás: A degustação de comidas tradicionais, como acarajé e cocada, remete à valorização da cultura afro-brasileira, especialmente da culinária de matriz africana, que Beatriz Nascimento tanto estudou em suas pesquisas sobre a diáspora africana e o papel das mulheres negras. A comida aqui é um símbolo de ancestralidade e resistência cultural, temas centrais no pensamento de Beatriz.

  2. Roda de Bem Viver Ancestral: Esta roda de diálogo com mulheres negras líderes em várias frentes sociais, acadêmicas e de resistência quilombola, reflete diretamente o trabalho de Beatriz Nascimento, que sempre enfatizou a importância das narrativas coletivas de resistência e a conexão das comunidades negras com suas ancestralidades. As participantes dessa roda de conversa, ao discutirem o "Bem Viver Ancestral", honram a ideia de Beatriz sobre a necessidade de resgatar a memória e a história das mulheres negras, tanto em suas lutas passadas quanto em suas conquistas presentes.

  3. Produção de Conteúdos com Equipe de Comunicação/MMN 2025: Ao produzir conteúdos voltados para a Marcha das Mulheres Negras de 2025, essa atividade se alinha ao ativismo de Beatriz Nascimento, que usava múltiplas plataformas para comunicar as lutas das mulheres negras e dos quilombos. A produção de conteúdo também reflete a preocupação de Beatriz com a preservação da memória e a disseminação de histórias negras.

  4. Participações de lideranças como Valdecir Nascimento, Selma Dealdina, Lucia Xavier, Cida Bento e outras: As presenças dessas líderes negras que trabalham em prol das comunidades quilombolas, mulheres negras e terreiros espelham a trajetória de Beatriz Nascimento, que dedicou sua vida ao estudo e à defesa dessas comunidades. Elas são uma continuidade do trabalho de Beatriz, fortalecendo as redes de apoio e ação política que ela acreditava serem fundamentais para o empoderamento das mulheres negras.

Em conjunto, as atividades não apenas celebram a vida e o legado de Beatriz Nascimento, mas também perpetuam seu trabalho ao avançar debates e ações práticas que ela defendeu, como a reparação histórica, o reconhecimento da importância dos quilombos, e o papel transformador das mulheres negras na sociedade.

Programação da Homenagem a Beatriz Nascimento na FLUP 2024

Dia 11 de Novembro

9h às 11h30 - Edit-A-Thon "Histórias Entrelaçadas de Mulheres Afrodiaspóricas"

Mesa Redonda 1: Atletas, Atrizes e Cantoras – 7 - Mediadoras: Joanice Conceição (RELFET)

  • 13:00 - 15:00 –

  1. Geralda da Cunha Teixeira Ferraz (biografada: Daiane Garcia dos Santos)

  2. Simony dos Anjos (biografada: Melânia Luz)

  3. Maria do Espírito Santo Rosa Cavalcante Ribeiro (biografada: Miraildes Maciel Mota Formiga)

  4. Joanice Conceição (biografada: Dagma Bonfim Barbosa dos Santos)

  5. Fabiana Sousa (biografada: Elza Soares)

  6. Liana Barcelos Porto (biografada: Ivone Lara)

  7. Antonilde Rosa Pires (biografada: Zaíra de Oliveira)

Mesa Redonda 2 Mães de Santo – 9 – Mediadora: Heridan Guterres Pavão Ferreira (RELFET) e Lucia Helena Oliveira (RELFET)

  • 15:00 - 17:00:

  1. Sandra Mônica da Silva Schwarzstein (biografada: Ìyálorixá Beata de Iemanjá)

  2. Sandra Mônica da Silva Schwarzstein (biografada: Ìyálorixá Celina de Xangô)

  3. Janine "Nina Fola" Cunha (Ìyalorixá Sandrali De Oxum)

  4. Maria Jaguarema da Costa Moreira e Elane Carneiro de Albuquerque (biografada: Ìyálorixá Dulce)

  5. Heridan de Jesus Guterres Pavão Ferreira (biografada: Ìyálorixá Florência de Agongono)

  6. Lilian Moura Toyota (biografada: Ìyálorixá Menininha do Gantois)

  7. Suzete de Paiva Lima Kourliandsky (biografada: Ìyálorixá Vitória)

  8. Gláucia Péclat – (biografada: Ìyálorixá Gamutinha)

  9. Lúcia Helena – (Ìyálorixá Mukumby)

Dia 12 de Novembro

9h às 11h30 - Edit-A-Thon "Histórias Entrelaçadas de Mulheres Afrodiaspóricas"

Mesa Redonda 3: Escritoras e escrevivências – 7 – Mediadora: Maricel Mena Lopes (RELFET) e Claúdia Alexandre (RELFET) e

13:00 - 15:00:

  1. Renata Tavares de Brito Falleti (biografada: Carolina Maria de Jesus)

  2. Ádria Borges Figueira Cerqueira (biografada: Carolina Maria de Jesus)

  3. Jhenifer Emanuely Rodrigues dos Santos (biografada: Maria Conceição Evaristo)

  4. Iraneide Soares da Silva (biografada: Esperança Garcia)

  5. Marley Antônia Silva da Silva (biografada: Mariana Preta Courá)

  6. Maria da Vitória Barbosa Lima (biografada: Salustia)

Mesa Redonda 4: Quilombolas e trabalhadoras no pós-abolição – 11 – Mediadora: Rosinalda Correa da Silva Simoni

  • 15:00 – 17:00


  1. Kalyna Ynanhiá Silva de Faria (biografada: Aqualtune)

  2. Patrícia Marinho de Carvalho (biografada: Cléia da Silva Costa)

  3. Patrícia Marinho de Carvalho (biografada: Elisandra Botelho da Silva Frazão)

  4. Irislane Pereira de Moraes (biografada: Maria América dos Santos)

  5. Lucilene Guimarães Athaide (Vó Anita do Quilombo do Paredão)

  6. Glaucia Tahis da Silva Campos Peclat (biografadas: Rosalinas)

  7. Rosinalda Correa da Silva Simoni (biografada: Maria Correa da Silva)

  8. Maria Edimaci Teixeira Barbosa Leite (biografada: Procópia Santos)

  9. Cristina Adelina de Assunção (Adelina, a Charuteira)

  10. Rosana Falcão Lessa (Anna Patrícia Souza e Alexandrina Carvalho)

  11. Kenia Érica Gusmão Medeiros (Maria Grampinho)

Dia 13 de Novembro

Mesa Redonda 5: Cientistas e Poetisas – 7 – Mediadora: Tania Ferreira Rezende

  • 13:00 - 15:00

  1. Letícia Rocha (biografada: Carla Akotirene)

  2. Ana Maria Canavarro Benite (Joana Dárc Félix)

  3. Amanda Motta Castro (biografada: Lélia Gonzalez)

  4. Janira Sodré Miranda (biografada: Maria Beatriz do Nascimento)

  5. Tânia Ferreira Rezende (Leodegária de Jesus)

  6. Maria das Neves Jardim de Deus (biografada: Maria de Lourdes Teodoro)

  7. Kamila Sales de Sousa (biografada:Maria Firmina dos Reis)

Mesa Redonda 6: Maternagem – Mulheres que Cuidam e Ensinam – 10 – Mediadora: Ludmila Pereira de Almeida (RELFET) e Núbia Regina Moreira (RELFET)

  • 15:00 - 17:00:

  1. Andreia Batista Coelho e Marcilene Pelegrine Gomes (biografada: Maria Dalva de Mendonça Silva)

  2. Mayara Priscilla de Jesus dos Santos (biografada: Maria Odília Teixeira)

  3. Clara Lusia Sousa (Biografada: Romilda Rosa Mota)

  4. Isis Tatiane da silva dos Santos (biografada: Rossilda Joaquina Da Silva)

  5. Sacha Faustino Gama (Biografada: Aldyr Fernandes Faustino dos Santos)

  6. Ludmila Pereira de Almeida (Biografada: Ana Maria Carvalho dos Santos)

  7. Aurineide Lima de Moura (biografada: Margarida Lima de Moura Nascimento)

  8. Marta Soares Ferreira (biografada: Marta Soares Ferreira)

  9. Monique Brito da Silveira (Biografada: Vera Triumpho)

  10. Núbia Regina Moreira (biografada: Edna Ribeiro)

Dia 14 de Novembro


Mesa Redonda 7: Militantes e políticas – 11 – Mediadora: Rosinalda Correa da Silva Simoni

  • 13:00 - 16:00:

  1. Decleoma Lobato Pereira (biografada: Josefa Pereira Laú)

  2. Sandra Mônica da Silva Schwarzstein (biografada: Jurema Batista)

  3. Sandra Monica da Silva Schwarzstein (Mônica Santos Francisco)

  4. Valdenice José Raimundo (biografada: Maria do Rozário Cláudio)

  5. Luciana de Oliveira Dias (biografada: Laudelina de Campos Mello)

  6. Rosinalda Correa da Silva Simoni (biografada: Maria José Alves Dias

  7. Maria das Dores do Rosário Almeida (Biografada: Maria Cristina do Rosário Almeida Mendes)

  8. Lúcia Regina Brito Pereira (Biografada: Tereza Franco)

  9. Sônia Cleide Ferreira da Silva (biografada: Sônia Cleide Ferreira)

  10. Vania Maria da Silva Soares- (biografada: Vania Maria Da Silva Soares

  11. Janaize Batalha Neves (biografada: Vera Lúcia Rodrigues Duarte)

14/11 - Mesa RELFET

  • 16:00-17:00 - Participantes: Thais, Rosinalda, Tania, Ludmila, Claudia, Núbia, Joanice, Heridan, Carla, Maricel, e Janira – Quem somos !!! O Dicionário!!!

Rumo à II Marcha das Mulheres Negras do Brasil/2025

Dia 15 de novembro – Marcha das Mulheres


Manhã:

  • 9h - Roda de Bem Viver Ancestral

  • Participantes:

    • Janira Sodré (Rede Goiana de Mulheres Negras, GO)

    • Rosinalda Simoni (Quilombo Água Limpa, GO)

    • Lucia Helena Oliveira (UNESP)

    • Pati Marinho (MAI/USP)

    • Iris Morais (UNIFAP)

    • Maria Jardim (Gira Leodegária, GO)

    • Ludmila Almeida (Agro é Fogo, GO)

    • Sonia Cleide (AMNB, GO)

    • Vinólia Mãe Andresa (AMNB, MA) -

    • Cleusa Silva (Casa Laudelina, SP)

    • Durica do Carmo (AMB/AMP)

    • Stephanie Ramos (RHN, RJ)

    • Lucimar Felisberto (Afrodiálogos, RJ)

    • Vitória Preta Lírica (RJ)

    • Valdecir Nascimento (Odara, BA)

    • Naiara Leite (Rede Nordeste de Mulheres Negras, BA)

    • Selma Dealdina (CONAQ)


Intervalo:

  • 11h30 - 12h30 - Produção de Conteúdos
    Com a Equipe de Comunicação da Marcha das Mulheres Negras 2025
    (Atividade voltada para divulgação da Marcha e produção de conteúdo digital.)


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