Sobre a rede

Sobre a rede

A Rede Latino-Americana e Caribenha de pesquisas sobre Feminismos de Terreiros - RELFET nasce do amadurecimento das pesquisas realizadas por distintas pesquisadoras brasileiras ao longo de suas trajetórias. Na Pontifícia Universidade Católica de Goiás, a partir das incursões do grupo de pesquisa Memória Social e Subjetividade/CNPQ, desenvolvidas no âmbito dos Programas de Pós-Graduação em História e em Ciências da Religião, Thais Alves Marinho e Rosinalda Correa da Silva Simoni, desenvolvem o conceito de Feminismos de Terreiros. Essa noção é inicialmente apresentada durante o VI Congresso Latino-Americano de Gênero e Religião, organizado anualmente pela Faculdades Est, em São Leopoldo no Rio Grande do Sul, em 2019, no âmbito do GT - Mulheres Negras: resistências, feminismos e espaços que se (re)visitam. A partir dessa comunicação afinidades com pesquisas de docentes e discentes das Faculdades Est e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul apareceram. A professora Aline Cunha, na época coordenadora de extensão da UFRGS, realiza um convite para que o conceito pudesse ser apresentado para os discentes dessa instituição, por meio de uma live, já que víviamos o contexto de isolamento social provocado pela COVID-19. A proposta foi bem sucedida, e houve o desejo de que mais pessoas pudessem ter acesso às discussões em torno da noção de educação popular feminista. Em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS, do Programa de Pós-Graduação em Teologia da EST, dos Programas de Pós-Graduação em História e em Ciências da Religião da PUC Goiás, do Programa de Pós-Graduação em Educação da UESB, do Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da UFG e do Programa de Pós-Graduação em Formação Docente em Práticas Educativas da UFMA, organizamos um curso de extensão e aperfeiçoamento, intitulado "HISTÓRIA E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E DE GÊNERO: DO AFROCATOLICISMO AOS FEMINISMOS DE TERREIROS" que visou atingir estudantes de graduação e pós-graduação, docentes universitárias(os), professores de educação básica, ativistas e público em geral. Durante a realização do curso, a sinergia entre as professoras participantes e suas pesquisas se tornou evidente, e se reuniram para criação de uma rede de pesquisa e extensão transdisciplinar que busca, a partir da interseccionalidade entre raça, gênero e classe, realizar levantamento bibliográfico, documental e oral sobre a atuação de mulheres negras ao longo do tempo (passado e presente), a fim de consolidar o conceito de feminismos de terreiros como categoria explicativa para as redes de sociabilidade (para além da consanguinidade) formuladas por mulheres negras, que mobilizaram recursos com uma orientação intencional contra o racismo, o machismo e a desigualdade, nos espaços que elas atuam e/ou atuavam. Os terreiros são entendidos aqui como espaços de convivência próprios aos negros/as escravizados/as, seja nos arredores das senzalas, irmandades, roças de plantação, acampamentos de mineração, que se estenderam para os quintais dos ranchos e cordões de forros/as e negros/as livres, onde realizavam celebrações católicas (como nas irmandades), sessões de candomblé, umbanda e outros rituais afro-brasileiros, além de conviverem e realizarem parte das atividades laborais domésticas. Também é o espaço onde contemporaneamente são organizadas as congadas, os festejos populares, as folias etc. Observamos que muito da militância política começa e continua nesses espaços. Da parte histórica buscamos comprovar que a demanda das mulheres negras dentro da lógica feminista é anterior às sufragistas de primeira onda, porque o racismo impôs desde a colonização um sistema de oportunidades e constrangimentos que afeta o espaço da reprodução simbólica, da interação e comunicação subjetiva dos indivíduos. Na perspectiva das ciências da religião entendemos que a espiritualidade africana (notadamente a Iorubá), enquanto estrutura objetiva, que se incorpora por meio do habitus agenciou essas mulheres negras no contexto diaspórico a atuar para além da delimitação binária de gênero ocidental, até mesmo porque a colonialidade de gênero impossibilita pensar as mulheres negras como gendradas, então isso permitiu a elas maior protagonismo do que às mulheres brancas. Na perspectiva da educação é importante promover um visão múltipla da história, incluindo a história das mulheres negras, para incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e integradora.

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